"Solo" - Interlúdio - Part. II
continuando...
Minhas férias foram uma “droga”, estava entediado e passava horas lendo sobre behaviorismo, teorias do comportamento e processos cognitivos do ser humano. Eu imaginava que isso me ajudaria na faculdade de psicologia... Meus pais viajaram algumas vezes, mas eu preferia ficar em casa sozinho [eles ainda eram casados e morávamos em Caxias]. Nesse período a “Plin Plin” também passeava com os pais e não tinha tempo para MSN. Em um dia de revolta sem sentido, eu exclui a maioria dos meus contatos de MSN. Eu acho que não sentia tristeza, não sentia nada. [Isso é o que eu ficava dizendo para mim mesmo e tentando reforçar com teorias que "regem" as emoções, é óbvio que era uma fraude].
“O instinto mais natural do ser humano, é o de sobrevivência. Pensar em suicídio é algo distante e irracional para a maioria das pessoas. Justificar isso é ainda mais complicado...”
“Qual a utilidade da vida, se tudo que lhe causará satisfação simplesmente desaparece, ou pior, nunca existiu”
“Morrer só é péssimo, viver só é impossível”
“A pior solidão é àquela que aparece quando estamos juntos das outras pessoas”
“Se algum dia irei morrer sem nada, por que continuar seguindo agora, é mais simples selar logo o próprio destino”
Essas frases e pensamentos estranhamente faziam sentido para mim... Estava depressivo e tinha consciência disso, sabia para onde eu estava indo, mas ao mesmo tempo havia aceitado a situação... Como sempre eu me escondia de “mim mesmo”, criando poemas que representavam a angustia e tristeza. Algo que eu imaginava querer sentir, pois fazia sentido ao menos como desculpa para a morte.
“Minh’ alma se contorce sob as asas ensangüentadas deste coração / Por favor, deixe-me descansar em solidão eterna” (Trecho traduzido do Poema-canção “Solo”, escrito por mim durante esse período)
Não lembro o restante do poema, meus pais jogaram fora a maior parte da minhas anotações idiotas...
Ah sim, eu comecei o curso de psicologia na UERJ, não era o que eu esperava. Onde estavam as analises, conceitos, teorias do comportamento? No 1° PE conheci a história dos primeiros mentores da psicologia e psicanálise e suas diversas áreas de estudoa Às vezes isso era interessante, mas no geral era um "saco"... O bom é que o clima do curso instigava análise constante do comportamento individual e social, na verdade quase todo curso de humanas deve ser assim se a pessoa tiver algum interesse.
Realmente, aprendi alguns conceitos e teorias, mas isso era insuficiente em relação ao que eu esperava... Posso dizer que aprendi mais "coisas auto-destrutivas" fora de sala. Também notei que estava conseguindo ser “normal”, o ensino médio me mudará muito. Porém , meu "convívio padronizado" só me fazia pensar que estava condenado a permanecer emocionalmente distante do mundo [era um turma de futuros psicólogos, ninguém notara nada]. A “Plin Plin” já havia me tirado da “fortaleza de solidão”, mas eu como idiota que sou, sem ela estava me fechando. [Vocês devem achar que a “Plin Plin” é normal e eu sou louco, lol. Não se enganem, se ela permitir, vou falar um pouco melhor dessa menina incrível em outro "post"]
Aff, o curso foi indo...
Final de maio...
“O maior sinal de alerta ao suicídio é quando um estado de mansidão invade a alma, quando vem a sensação de que só precisamos esperar um pouco para estar livres, quando a analise das tristes emoções saem de um plano individual para um coletivo: O que vai ser das pessoas que talvez gostem de mim? O tempo passa, e essa última preocupação desaparece, então...”
Meus pais, ainda “casados” [aspas porque acho que para mim aquilo não era casamento] , estavam ausentes e eu estudando no meu quarto, não lembro o que eles foram fazer...
Vocês devem saber que o “gás de cozinha” é composto por propano + butano [este último causa asfixia e intoxicação]. No “gás de cozinha” é acrescido um indicador que tem odor desagradável ,isso facilita a identificação de vazamento, se assim não fosse, qualquer acidente poderia causar possivel intoxicação e morte.
Eu já havia pensado algumas vezes em suicídio e estava ciente de que o método acima é um jeito simples de tirar a própria vida. Nesse dia eu não estava muito bem [isso quer dizer que eu estava "pior" que o normal aceitável para meus próprios padrões].
Simplesmente fechei o quarto, peguei o lampião e liguei o gás... Após isso, deitei e fui descansar [dormindo é muito difícil notar o odor do gás e como o organismo se acostuma a variação da taxa de oxigenação do ambiente, é muito comum ocorrerem acidente fatais envolvendo vazamento de gases tóxicos]. Ainda não sei dizer ou explicar porque fiz isso, mas (...) [talvez eu saiba, porém ainda não estou pronto para aceitar]
É claro que quando meu pai chegou, sentiu o cheiro de gás e deve ter ido ao meu quarto... Quandp ele me sacudiu eu acordei um pouco tonto e com uma ardência estranha no peito e costas, meu pai ficava gritando e perguntando o que eu havia feito... Ele me levou ao hospital do plano de saúde, eu estava consciente e andando, mas quando chegamos, fiquei num leito... Acho que mediram minha freqüência cardíaca e ouviram meus pulmões. Além disso, fiquei usando uma máscara de oxigênio por alguns minutos. Depois de um tempo minha mãe chegou chorando e perguntou se eu estava bem... Ainda no hospital um psiquiatra veio falar comigo e fui indicado para o acompanhamento psicológico semanal que dura até hoje... Também fiquei usando antidepressivos [dois] e um remédio para dormir.
Em todo mês de junho meu pai ficou me levando e trazendo da faculdade, acho que ele tinha medo que eu tentasse pular [enquanto estudei na UERJ tomei conhecimento de 2 suicídios, sendo um deles, um colega de classe]...
Bem é isso, a vida contínua...^^
Solo - Interlúdio part I
Minhas férias foram uma “droga”, estava entediado e passava horas lendo sobre behaviorismo, teorias do comportamento e processos cognitivos do ser humano. Eu imaginava que isso me ajudaria na faculdade de psicologia... Meus pais viajaram algumas vezes, mas eu preferia ficar em casa sozinho [eles ainda eram casados e morávamos em Caxias]. Nesse período a “Plin Plin” também passeava com os pais e não tinha tempo para MSN. Em um dia de revolta sem sentido, eu exclui a maioria dos meus contatos de MSN. Eu acho que não sentia tristeza, não sentia nada. [Isso é o que eu ficava dizendo para mim mesmo e tentando reforçar com teorias que "regem" as emoções, é óbvio que era uma fraude].
“O instinto mais natural do ser humano, é o de sobrevivência. Pensar em suicídio é algo distante e irracional para a maioria das pessoas. Justificar isso é ainda mais complicado...”
“Qual a utilidade da vida, se tudo que lhe causará satisfação simplesmente desaparece, ou pior, nunca existiu”
“Morrer só é péssimo, viver só é impossível”
“A pior solidão é àquela que aparece quando estamos juntos das outras pessoas”
“Se algum dia irei morrer sem nada, por que continuar seguindo agora, é mais simples selar logo o próprio destino”
Essas frases e pensamentos estranhamente faziam sentido para mim... Estava depressivo e tinha consciência disso, sabia para onde eu estava indo, mas ao mesmo tempo havia aceitado a situação... Como sempre eu me escondia de “mim mesmo”, criando poemas que representavam a angustia e tristeza. Algo que eu imaginava querer sentir, pois fazia sentido ao menos como desculpa para a morte.
“Minh’ alma se contorce sob as asas ensangüentadas deste coração / Por favor, deixe-me descansar em solidão eterna” (Trecho traduzido do Poema-canção “Solo”, escrito por mim durante esse período)
Não lembro o restante do poema, meus pais jogaram fora a maior parte da minhas anotações idiotas...
Ah sim, eu comecei o curso de psicologia na UERJ, não era o que eu esperava. Onde estavam as analises, conceitos, teorias do comportamento? No 1° PE conheci a história dos primeiros mentores da psicologia e psicanálise e suas diversas áreas de estudoa Às vezes isso era interessante, mas no geral era um "saco"... O bom é que o clima do curso instigava análise constante do comportamento individual e social, na verdade quase todo curso de humanas deve ser assim se a pessoa tiver algum interesse.
Realmente, aprendi alguns conceitos e teorias, mas isso era insuficiente em relação ao que eu esperava... Posso dizer que aprendi mais "coisas auto-destrutivas" fora de sala. Também notei que estava conseguindo ser “normal”, o ensino médio me mudará muito. Porém , meu "convívio padronizado" só me fazia pensar que estava condenado a permanecer emocionalmente distante do mundo [era um turma de futuros psicólogos, ninguém notara nada]. A “Plin Plin” já havia me tirado da “fortaleza de solidão”, mas eu como idiota que sou, sem ela estava me fechando. [Vocês devem achar que a “Plin Plin” é normal e eu sou louco, lol. Não se enganem, se ela permitir, vou falar um pouco melhor dessa menina incrível em outro "post"]
Aff, o curso foi indo...
Final de maio...
“O maior sinal de alerta ao suicídio é quando um estado de mansidão invade a alma, quando vem a sensação de que só precisamos esperar um pouco para estar livres, quando a analise das tristes emoções saem de um plano individual para um coletivo: O que vai ser das pessoas que talvez gostem de mim? O tempo passa, e essa última preocupação desaparece, então...”
Meus pais, ainda “casados” [aspas porque acho que para mim aquilo não era casamento] , estavam ausentes e eu estudando no meu quarto, não lembro o que eles foram fazer...
Vocês devem saber que o “gás de cozinha” é composto por propano + butano [este último causa asfixia e intoxicação]. No “gás de cozinha” é acrescido um indicador que tem odor desagradável ,isso facilita a identificação de vazamento, se assim não fosse, qualquer acidente poderia causar possivel intoxicação e morte.
Eu já havia pensado algumas vezes em suicídio e estava ciente de que o método acima é um jeito simples de tirar a própria vida. Nesse dia eu não estava muito bem [isso quer dizer que eu estava "pior" que o normal aceitável para meus próprios padrões].
Simplesmente fechei o quarto, peguei o lampião e liguei o gás... Após isso, deitei e fui descansar [dormindo é muito difícil notar o odor do gás e como o organismo se acostuma a variação da taxa de oxigenação do ambiente, é muito comum ocorrerem acidente fatais envolvendo vazamento de gases tóxicos]. Ainda não sei dizer ou explicar porque fiz isso, mas (...) [talvez eu saiba, porém ainda não estou pronto para aceitar]
É claro que quando meu pai chegou, sentiu o cheiro de gás e deve ter ido ao meu quarto... Quandp ele me sacudiu eu acordei um pouco tonto e com uma ardência estranha no peito e costas, meu pai ficava gritando e perguntando o que eu havia feito... Ele me levou ao hospital do plano de saúde, eu estava consciente e andando, mas quando chegamos, fiquei num leito... Acho que mediram minha freqüência cardíaca e ouviram meus pulmões. Além disso, fiquei usando uma máscara de oxigênio por alguns minutos. Depois de um tempo minha mãe chegou chorando e perguntou se eu estava bem... Ainda no hospital um psiquiatra veio falar comigo e fui indicado para o acompanhamento psicológico semanal que dura até hoje... Também fiquei usando antidepressivos [dois] e um remédio para dormir.
Em todo mês de junho meu pai ficou me levando e trazendo da faculdade, acho que ele tinha medo que eu tentasse pular [enquanto estudei na UERJ tomei conhecimento de 2 suicídios, sendo um deles, um colega de classe]...
Bem é isso, a vida contínua...^^
Solo - Interlúdio part I
2 Comentários:
Não sei como tem coragem de colocar isso aki, ta ta. Os nomes estão escondidos, mas mesmo assim.
Parabéns! Te amo cada dia mais!
Espero que todos tenham a mesma reação que você quando lerem isso [a difrença básica é que já estavas mais que ciente desses acontecimentos, veremos como será a reação dos possíveis leitores]... Será que você deixa eu escrever um pouquinho sobre você "Plin Plin"? lol
Ainda devo o nosso final feliz^^
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